Festival de Circo do Brasil retorna ao Recife com programação franco-brasileira
A capital pernambucana se transforma na capital do circo contemporâneo de 1º a 9 de novembro com espetáculos nacionais e internacionais em teatros e espaços públicos
A RiSITA_Coletivo Fuscirco_Foto Luiz Alves_01
Depois de uma passagem consagradora
pela França, o Festival de Circo do Brasil (FCB) se prepara para sua etapa
nacional, que transforma o Recife na capital das artes circenses de 1º a 9 de
novembro. Em sua 19ª edição, o evento integra o Ano Brasil–França, promovendo
um projeto de cooperação cultural e intercâmbio artístico com a La Grainerie –
Fabrique des Arts du Cirque et de l’Itinérance.
O público pernambucano poderá
conferir espetáculos nacionais e internacionais, vivências circenses,
laboratórios artísticos, intercâmbios culturais, feira de economia criativa,
exibição de filmes e apresentações musicais e de cultura popular, reafirmando o
festival como um dos principais encontros de artes circenses da América Latina.
A programação ocupará os teatros de Santa Isabel, Parque, Apolo e Hermilo Borba
Filho, além de itinerar por vários espaços abertos do Grande Recife.
Com produção da Luni Produções e da La Grainerie e apoio da Prefeitura do
Recife, do Governo de Pernambuco e do Ministério do Turismo, o FCB traz nove dias
de intensa programação, para todas as idades, com atividades gratuitas e a
preços acessíveis. Esta edição do festival conta com patrocínio do Banco do
Nordeste, através da Lei de Incentivo à Cultura, uma realização do Ministério
da Cultura e Governo Federal.
Abertura e ocupação artística no Parque
Santana
O festival inicia no primeiro final
de semana de novembro, dias 1º e 2, com uma grande ocupação artística no Parque
Santana, em Casa Forte. A programação, gratuita e franco-brasileira, reúne
diferentes linguagens em uma celebração das artes e da cultura.
No local, será montado um palco para
apresentações circenses, shows musicais e manifestações da cultura popular.
Entre as atrações, Esparrama Circo, do Grupo Esparrama (SP), presta homenagem à
tradição do circo, transformando o cotidiano em espetáculo. A Mostra PE
apresenta números de artistas pernambucanos ou residentes no Estado,
selecionados por meio da convocatória artística do festival.
A programação musical começa no
sábado (1º) com Forró na Caixa (PE), que transforma o picadeiro em um baile de
rabeca, mesclando forró pé-de-serra, coco, baião, samba e influências do
manguebeat. No domingo (2), Mestre Anderson Miguel (PE) celebra as tradições
populares pernambucanas com maracatu de baque solto e ciranda.
Forró na Caixa - PE (Foto:
Sidarta) e Mestre Anderson Miguel (Foto: Divulgação)
O coletivo Fuscirco (Ceará), formado
pelos palhaços Rupi e Pitchula, estaciona seu Fusca Azul 1974 na área central
do parque, apresentando música, malabares, equilibrismo e humor no espetáculo
“A RiSita”. O público ainda poderá assistir o espetáculo “How Much We Carry?”,
do Crique Immersif (FR-BR). Inédito no Brasil, a apresentação, sem diálogos,
convida o público à pausa e ao encontro em torno de uma percha gigante em constante
desequilíbrio.
O skatepark do Parque Santana recebe o laboratório artístico Hyperboles, da Cie
SCoM (França), que investiga as interseções entre skate e acrobacia circense,
propondo uma reflexão sobre o lugar das mulheres em práticas tradicionalmente
masculinas. A iniciativa reúne artistas circenses e skatistas do Brasil e da
França.
Durante os dois dias, o público
também poderá participar da Feira Na Laje, evento colaborativo de economia
criativa, e das Vivências Circenses, da Cia Brincantes de Circo (PE), com
experimentação de aéreos como tecido, lira e trapézio fixo, equilíbrio no
arame, acrobacias e malabares para crianças e adultos. No domingo, a
programação começa com um aulão de yoga, promovendo conexão com o corpo antes
das atividades circenses.
Programação
nos teatros
Nos teatros, a programação começa
com “Nove Tentativas de Não Sucumbir”, da Cia Devir (PE), no Teatro Apolo, com
duas apresentações gratuitas nos dias 31 de outubro e 1º de novembro. O espaço
também recebe “Vermelho, Branco e Preto”, de Cibele Mateus (SP), nos dias 5 e
6, e “Fragmentos”, da Cia La Víspera (ES-FR), nos dias 7 e 8.
No Teatro de Santa Isabel, serão
apresentados “O Vazio é Cheio de Coisa”, da Cia Nós no Bambu (DF), em sessão
única no dia 6, e “Le Bruit des Pierres”, do Collectif Maison Courbe (FR), nos
dias 8 e 9. O solo da brasiliense Poema Mühlenberg integrou a etapa francesa do
festival, em Toulouse. Outro solo da artista, “Sarayvara”, também apresentado
na França, chega ao Brasil no dia 7, no Teatro Hermilo Borba Filho, com entrada
gratuita. O Teatro do Parque recebe “Juventud”, da Cie NDE (FR), no dia 9. Os
ingressos para estas apresentações estão disponíveis na plataforma Sympla,
com valores de R$10 a R$50.
Exibição especial: documentário sobre
Davi Kopenawa
No dia 4 de novembro, na Sala Derby
do Cinema da Fundação, o público poderá conferir “Kopenawa: Sonhar a
Terra-Floresta”, documentário dirigido por Marco Alteberg e Tainá de Lucas, que
dá voz a Davi Kopenawa Yanomami, líder indígena e defensor da Amazônia. O filme
explora a visão poética e profunda de Kopenawa sobre os desafios enfrentados pelo
povo Yanomami, impactos das invasões em territórios indígenas, a crise
climática e o futuro da humanidade, com participações de Ailton Krenak, Claudia
Andujar, José Celso Martinez e Gilberto Gil, entre outros.
A exibição é fruto da parceria entre
o Festival de Circo do Brasil e o XV Janela Internacional de Cinema do Recife.
Sessão
de autógrafos e bate-papo com Mestre Martelo
No dia 5 de novembro, o Paço do
Frevo recebe uma sessão de autógrafos com Sebastião Pereira de Lima (Mestre
Martelo) em torno do livro “Mateus de uma vida inteira”. O projeto de pesquisa
é dedicado à figura do Mateus no Cavalo Marinho Pernambucano, destacando a
trajetória de Mestre Martelo, considerado o Mateus mais antigo em atividade no
Brasil, aos 89 anos. Organizado por Odília Nunes e Cibele Mateus, o trabalho
busca preservar e valorizar a memória, os saberes e a comicidade negra do
mestre da palhaçaria popular. Na mesma data, o público poderá participar de um
bate-papo com Mestre Martelo e Cibele Mateus, aprofundando o diálogo sobre sua
trajetória e legado.
Circo Itinerante
Com a proposta de ampliar a circulação da arte circense e formar novas
plateias, o Festival de Circo do Brasil realiza a itinerância gratuita de
espetáculos por diversos pontos do Grande Recife, levando magia, humor e
encantamento a públicos de todas as idades.
A programação começa com “A RiSITA”, do Coletivo Fuscirco (CE), que se
apresenta no dia 3 de novembro, no Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro, e no
dia 4, em Vera Cruz, Camaragibe. O espetáculo “How Much We Carry?”, do Cirque
Immersif (FR-BR), segue em circulação pelo Alto da Sé, em Olinda, no dia 7;
pela Oficina Francisco Brennand,na Várzea, no dia 8; e pela Praça do Arsenal,
no Recife Antigo, no dia 9.
Já no dia 8 de novembro, o Parque
Apipucos sedia “Copyleft”, da Cie. NDE (FR) — uma apresentação que combina
malabarismo e dança, permeada por humor e referências esportivas.
Ciclo
Formativo
A programação formativa do Festival de Circo do Brasil oferece
oficinas e laboratórios voltados a artistas, estudantes e profissionais do
circo, promovendo trocas entre diferentes linguagens e experiências. Nos dias 5
e 6 de novembro, o artista Nicanor de Elia, da companhia franco-argentina Cie.
NDE, ministra a oficina “Malabares e Movimento”, no Paço do Frevo. Já o artista
Felipe Nicknig, da Cia Catavento (GO), conduz o workshop “Aéreo Dinâmico”, de 3
a 5 de novembro, no Espaço Cultural Entrelaços. O ciclo se completa com o
laboratório “Constelar: criação em circo, artes visuais e teatro”, com
Domitille Martin, Nina Harper e Ricardo Cabral, do Collectif Maison Courbe
(França), que acontece no Teatro Hermilo Borba Filho, no dia 6 de novembro.
A grade formativa também dá
continuidade a dois laboratórios franco-brasileiros iniciados na etapa francesa
do festival: Aldeia de Tous e Hyperboles. Inspirado na obra de Ailton Krenak, o
Aldeia de Tous reúne seis jovens artistas — três brasileiros e três franceses —
em um diálogo entre culturas e linguagens circenses. Após a primeira fase
realizada em Toulouse, sob direção de Duda Maia e Nicanor de Elia, a etapa
brasileira é conduzida por Maria Paula Costa Rêgo e Poema Mühlenberg. Já o
Hyperboles, da companhia Cie SCoM (França), é um laboratório de pesquisa
artística que explora as interseções entre skate e acrobacia circense, propondo
uma reflexão sobre o corpo, o movimento e o papel das mulheres em práticas
tradicionalmente masculinas.
Aldeia de Tous: sustentabilidade e
democracia no picadeiro
O eixo curatorial deste ano, “Aldeia
de Tous” (Aldeia de Todos), traz os temas sustentabilidade e democracia para o
picadeiro. O termo combina português e francês: “Aldeia” refere-se às
localidades dos povos originários no Brasil, e “tous” significa “de todos”.
“A
proposta é apresentar uma nova perspectiva sobre o circo brasileiro e suas
diversas composições, destacando temas urgentes da contemporaneidade de forma
transdisciplinar com outras linguagens artísticas”, destaca a curadora e
idealizadora do festival, Danielle Hoover.
Com quase duas décadas de
trajetória, o Festival de Circo do Brasil reafirma seu compromisso de difundir
o circo contemporâneo, aproximar o público das artes e valorizar o intercâmbio
cultural. “Mais do que uma mostra de
espetáculos, o festival é um espaço de encontro, experimentação e resistência
poética — um convite para celebrar a arte de permanecer em movimento”, conclui
Danielle.
Etapa francesa
Entre 17 e 28 de setembro, Toulouse recebeu a etapa francesa do FCBl,
reunindo artistas brasileiros e franceses em apresentações, oficinas,
laboratórios criativos, sessões de cinema, exposições de artes visuais,
concertos musicais e atividades colaborativas de gastronomia, encantando o
público europeu. Foi a primeira vez que o evento, nascido há 21 anos no Recife
e que já impactou mais de 1 milhão de pessoas em Pernambuco, aconteceu em solo
internacional, resultado de uma parceria com o Festival Européia de Circo
(L’Européenne de Cirque).
A cooperação cultural entre os dois
festivais surgiu da coprodução firmada entre a Luni Produções e a La Grainerie,
com colaboração da Ésacto’Lido — Escola Superior de Artes Circenses de
Toulouse.
“A
La Grainerie e a Luni são parceiras há muitos anos. Dessa colaboração nasceu a
proposta de uma ocupação multidisciplinar e festiva, que promovesse o diálogo
entre o circo e outras linguagens artísticas, todas unidas por um denominador
comum: o encontro entre nossas culturas, em sintonia com as questões
democráticas e ecológicas que atravessam nossa época”, destaca Hélène Métailié,
curadora e gerente de produção do projeto La Grainerie.
“Esta
edição é muito especial para nós. Além de levar o Festival de Circo do Brasil
pela primeira vez ao exterior, vamos receber pela primeira vez em Recife a
diretoria da La Grainerie. A ideia é continuar este movimento de
internacionalização nas próximas edições”, afirma a produtora cultural da Luni,
Karina Hoover.
Temporada Cruzada
Brasil-França/França-Brasil 2025
Lançada por Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva, a Temporada
Cruzada Brasil-França 2025 / Saison Croisée Brésil-France 2025 celebra os 200
anos de relações bilaterais e tem como objetivo fortalecer os laços entre os
dois países. Estruturada em torno de três grandes eixos — Clima e Transição
Ecológica; Diversidade das Sociedades e Diálogo com a África; Democracia e
Estado de Direito —, a iniciativa também busca dinamizar a cooperação em áreas
como cultura, economia, pesquisa, educação e esporte, com atenção especial à
juventude e aos intercâmbios profissionais.
A
temporada ocorrerá entre abril e setembro de 2025 na França e entre agosto e
dezembro do mesmo ano no Brasil.
“Da missão artística de Debret à voz de Ailton Krenak, a Temporada 2025
honra uma trajetória de fascínio e enriquecimento mútuo”, afirma Emmanuel
Lenain, Embaixador da França no Brasil.
A
Temporada está coordenada pelo Institut
Français e o Instituto Guimarães
Rosa em estreita colaboração com as Embaixadas da França no Brasil e do Brasil na França, sob a autoridade dos ministérios das Relações Exteriores e da Cultura de ambos os
países. Os comissários são Anne Louyot
(programação no Brasil) e Emilio Kalil
(programação na França).
19ª edição do Festival de Circo do Brasil
📆 De
1º a 9 de novembro
🎪
Parque Santana, Centro Cultural Apolo-Hermilo, Teatro de Santa Isabel, Teatro
do Parque, Oficina Francisco Brennand e mais.
Parque Santana (R. Jorge Gomes de Sá - Santana, Recife)
03/11 – SEGUNDA-FEIRA
04/11 – TERÇA-FEIRA
Comentários
Postar um comentário